Por Matheus Xavier Coelho
Advogado. Sócio da Jacó Coelho Advogados. Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Especialização em Propriedade Intelectual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC RJ), Especialização em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Especialização em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP) é empreendedor e visionário. Tem experiência de mais de 10 anos em gestão, sendo responsável ainda pelo desenvolvimento de projetos e inovação. Além disso, é co-fundador da empresa HeyHub e membro do Lide Goiás e AB2L (Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs).
Ao buscar um escritório de advocacia, o cliente almeja mais do que apenas bons advogados. Ele espera um atendimento de alta qualidade, uma gestão eficiente da sua carteira de processos e resultados otimizados. Para isso, é essencial que o escritório possua uma equipe capacitada, multidisciplinar e atualizada, complementada por recursos tecnológicos que maximizem as demandas. Este é o padrão nos principais escritórios de advocacia do mundo e representa a filosofia de “Customer Centric”, ou seja, colocar o cliente no centro das decisões.
Embora a aplicação dos princípios da engenharia de produção possa parecer complexa, quando adequadamente implementados, esses conceitos levam o escritório a uma gestão mais eficiente, reduzindo custos, melhorando a qualidade dos serviços jurídicos e economizando tempo. Isso permite realçar as competências, identificar pontos de melhoria e corrigir falhas, facilitando o alcance de resultados notáveis para os clientes.
Utilizando a engenharia de produção, é viável detectar e corrigir processos ineficientes no escritório, seja na gestão de documentos, agendamentos ou fluxos de trabalho. Esta eficiência se traduz em economia de tempo e recursos. A automação de tarefas cotidianas pode impulsionar a produtividade e minimizar falhas humanas. No entanto, é um erro acreditar que a tecnologia sozinha é a solução para todos os problemas. Na verdade, a tecnologia é apenas a superfície, enquanto os processos bem definidos formam a base sobre a qual ela atua.
Infelizmente, nas faculdades de Direito, não somos instruídos sobre as ferramentas ensinadas nas engenharias, criando um desequilíbrio em eficiência operacional. Estas ferramentas não são restritas apenas a grandes firmas, elas têm o potencial de transformar a rotina de todos os advogados. Algumas delas incluem: PDCA (Plan-Do-Check-Act), 5W2H (What, Why, Who, When, Where, How, How Much), Six Sigma, Kaizen (Melhoria Contínua), Diagrama de Ishikawa, Fluxograma, Diagrama de Gantt, Análise SWOT, e Kanban.
Uma perspectiva de engenharia pode descobrir formas de diminuir custos operacionais sem prejudicar a qualidade dos serviços. Ela também auxilia na criação de programas de treinamento contínuo para a equipe, garantindo sua atualização com as melhores práticas e inovações tecnológicas. Além disso, a engenharia de produção permite a implementação de padrões de qualidade, minimização de erros e uma alocação eficaz de recursos.
No começo de 2023, pude observar de perto como os principais escritórios de advocacia operam, durante minhas visitas à Legal Week em Nova Iorque e à Legal Geek em Londres. Nessas ocasiões, tive a oportunidade de conhecer escritórios renomados, como DLA Piper, Hogan Lovells e Allen & Overy. Esta experiência reforçou minha percepção de que a interdisciplinaridade é o caminho futuro para os escritórios. Muitos já contam com a figura do LPM (Legal Project Management), responsável pela gestão de projetos jurídicos.
Em resumo, a engenharia de produção instiga uma cultura de melhoria contínua. A eficiência na gestão, redução de custos, cumprimento de prazos e automação contribuem para uma maior produtividade, permitindo que os advogados direcionem seu foco tanto para atividades estratégicas quanto para a excelência no atendimento ao cliente.