21 março , 2025

A suinocultura no Brasil: Uma análise dos impactos ambientais

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RESUMO

Objetivos: Analisar os impactos ambientais da suinocultura no Brasil, com foco nos desafios para a sustentabilidade da atividade e propor práticas sustentáveis para mitigar esses impactos, alinhando a produção de carne suína com a preservação ambiental.

Marco Teórico: A discussão teórica se baseou em conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento ecologicamente responsável tendo em vista a relevância do assunto dada a necessidade de conciliar o desenvolvimento econômico da suinocultura com os preceitos constitucionais de preservação ambiental.

Método: A metodologia utilizada foi de natureza exploratória e descritiva, com base na análise de dados secundários provenientes de estudos anteriores e relatórios de instituições especializadas.

Resultados e Discussão: Os resultados indicam que a adoção de métodos sustentáveis, como tecnologias de tratamento de dejetos e práticas de manejo adequadas, é fundamental para reduzir os impactos ambientais da suinocultura. A discussão enfatiza a viabilidade de um desenvolvimento econômico e ecologicamente responsável no setor.

Implicações da Pesquisa: Esta pesquisa demonstra a importância da implementação de práticas sustentáveis na suinocultura para garantir a preservação ambiental e a viabilidade do setor a longo prazo. Além disso, destaca a necessidade de políticas públicas que incentivem a adoção de tecnologias limpas e práticas de manejo sustentáveis.

Originalidade/Valor: O estudo contribui para o debate sobre a sustentabilidade na suinocultura brasileira, oferecendo uma análise abrangente dos impactos ambientais e propondo soluções práticas para mitigar esses impactos, promovendo um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

Palavras-chave:Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente, Suínos, Sustentabilidade.

SWINE FARMING IN BRAZIL: AN ANALYSIS OF ENVIRONMENTAL IMPACT

ABSTRACT

Objectives: This article analyzes the environmental impacts of swine farming in Brazil, focusing on the tension between its economic significance and ecological challenges. And it proposes sustainable practices to reconcile this activity with environmental conservation.

Theoretical Framework: Grounded in sustainability and ecologically responsible development, this study addressed the imperative to balance economic growth and in swine farming with the environmental conservation, adhering to constitutional principles.

Method: Employing an exploratory and descriptive approach, this research analyzed secondary data from prior studies and reports from specialized institutions.

Results and Discussion: The findings indicate that the adoption of sustainable methods, such as waste treatment technologies and appropriate management practices, is essential to reduce the environmental impact of swine farming. The viability of an economically and ecologicallyresponsible development within the sector was discussed.

Research Implications:This research demonstrates the critical role of implementing sustainable practices in swine farming to ensure environmental conservation and the long-term sector viability. In addition, it highlights the need for public policies that encourage the adoption of clean technologies and sustainable management practices.

Originality/Value:This study contributes to the debate on sustainability in Brazilian swine farming by providing a comprehensive analysis of environmental impacts and proposing practical solutions to mitigate them, promoting a balance between economic development and environmental conservation.

Keywords: Economic Development, Environment, Swine, Sustainability.

CRÍA DE CERDOS EN BRASILEN BRASIL: UN ANÁLISIS DE LOS IMPACTOS AMBIENTALES

RESUMEN

Objetivos: Analizar los impactos ambientales derivados de la porcinocultura en Brasil, centrándose en los desafíos para la sostenibilidad de la actividad y proponer prácticas sostenibles para mitigar estos impactos, alineando la producción de carne de cerdo con la preservación del medio ambiente.

Marco teórico: La discusión teórica se basó en los conceptos de sostenibilidad y desarrollo ecológicamente responsable en vista de la relevancia del tema dada la necesidad de conciliar el desarrollo económico de la porcicultura con los preceptos constitucionales de preservación ambiental.

Metodología: La metodología utilizada fue de carácter exploratorio y descriptivo, basada en el análisis de datos secundarios de estudios previos e informes de instituciones especializadas.

Resultados y Discusión: Los resultados indican que la adopción de métodos sostenibles, como tecnologías de tratamiento de residuos y prácticas de gestión adecuadas, es fundamental para reducir los impactos ambientales de la porcicultura. El debate subraya la viabilidad de un desarrollo económica y ecológicamente responsable del sector.

Implicaciones de la investigación: Esta investigación demuestra la importancia de aplicar prácticas sostenibles en la cría de cerdos para garantizar la preservación del medio ambiente y la viabilidad del sector a largo plazo. También pone de relieve la necesidad de políticas públicas que fomenten la adopción de tecnologías limpias y prácticas de gestión sostenibles.

Originalidad/Valor: El estudio contribuye al debate sobre la sostenibilidad en la porcicultura brasileña, ofreciendo un análisis exhaustivo de los impactos ambientales y proponiendo soluciones prácticas para mitigar estos impactos, promoviendo un equilibrio entre el desarrollo económico y la preservación del medio ambiente.

Palabras clave: Desarrollo Económico, Medio Ambiente, Porcinos, Sostenibilidad.

1 INTRODUÇÃO

A suinocultura no Brasil desempenha um papel de suma importância na economia do país, marcando sua presença significativa no mercado global de carne suína. A atividade, com raízes históricas profundas, evoluiu consideravelmente, destacando-se pela expansão tanto em termos de produção quanto de consumo.

No entanto, essa expansão gera impactos ambientais que necessitam de atenção. A produção intensiva de suínos resulta em desafios substanciais como a geração de grandes volumes de dejetos, que contribuem para a poluição do ar, da água e do solo, além de emitirem gases que intensificam o efeito estufa. Esses problemas requerem uma abordagem detalhada e urgente para assegurar a sustentabilidade do setor.

A relevância jurídica do tema é incontestável, considerando que a Constituição Federal de 1988 exige que toda e qualquer atividade relacionada ao uso de recursos naturais assegurem a proteção ambiental (Brasil, 1988). Portanto, debater as consequências ecológicas e as práticas sustentáveis na suinocultura não é apenas uma necessidade, mas também uma exigência legal, que visa garantir um desenvolvimento econômico alinhado com a conservação da natureza.

Os desafios enfrentados pela suinocultura são extremamente graves e exigem soluções urgentes. A má gestão dos dejetos gerados pela produção intensiva pode resultar em contaminação de recursos hídricos, degradação do solo e emissão de gases de efeito estufa, como o metano, que tem um impacto climático significativo. O acúmulo inadequado de resíduos pode favorecer a disseminação de doenças, afetando tanto a saúde humana quanto animal. A falta de medidas eficazes para mitigar esses problemas pode comprometer não apenas o meio ambiente, mas também a sustentabilidade a longo prazo da própria atividade suinícola.

O objetivo da presente pesquisa foi compreender a importância da criação de suínos para a economia brasileira, as repercussões decorrentes da atividade e analisar e discutir as práticas que podem ser adotadas para minimizar os danos e garantir um ecossistema equilibrado.

2 MÉTODOS

O trabalho foi estruturado em três partes principais. A primeira seção explora a suinocultura no Brasil, destacando sua evolução, importância econômica e desafios enfrentados no mercado internacional. Já a segunda foca nos impactos ambientais da criação desuínos, examinando as consequências ecológicas dessa atividade e as necessidades de avanços em práticas sustentáveis. Por fim, a última discute práticas sustentáveis dentro da suinocultura, propondo soluções para minimizar os impactos ambientais e promover um desenvolvimento mais equilibrado e responsável.

Para alcançar os objetos almejados, utilizou-se a metodologia exploratória e descritiva, baseada na análise de dados secundários provenientes de estudos anteriores e relatórios de instituições voltadas a suinocultura. O enfoque é dado na compilação e na interpretação de informações que elucidam os impactos causados pela atividade suinícola, visando a proposição de soluções sustentáveis para o setor.

3 A SUINOCULTURA NO BRASIL

A atividade passou por transformações significativas ao longo dos anos, acompanhando as mudanças nas demandas de mercado e nos avanços tecnológicos.

Inicialmente, ela era destinada principalmente à produção de banha, produto essencial na preparação e conservação de alimentos. No entanto, a partir da década de 1960, o setor passou a adotar um sistema intensivo de criação, com foco crescente na produção de carne. Esse movimento foi impulsionado pela introdução de óleos vegetais na alimentação humana e pelos avanços nos sistemas de refrigeração, que permitiram novas formas de conservação de alimentos (De Zen et al., 2015).

Entre 2005 e 2014, o volume de carne suína exportado pelo Brasil sofreu uma redução de aproximadamente 21%, segundo Chavéz et al.(2016). Embora a produção nacional tenha aumentado de 2,7 milhões de toneladas em 2005 para 3,4 milhões de toneladas em 2014, um aumento de cerca de 26%, as exportações caíram devido à instabilidade do mercado a partir de 2013. Esse cenário foi resultado da queda da safra norte-americana em 2012, que elevou os custos dos insumos, impactando negativamente o setor nacional (Chavéz et al., 2016).

Em 2014, o mercado internacional desempenhou um papel fundamental para os produtores brasileiros, conforme análise de De Zen et al.(2015). A Rússia, devido a conflitos com a União Europeia e os Estados Unidos, aumentou a importação de carne suína de outros países, incluindo o Brasil. De janeiro a novembro de 2014, as exportações brasileiras para a Rússia alcançaram 172,8 mil toneladas, representando um crescimento de 28% em comparação com o mesmo período de 2013. Ademais, a ocorrência de doenças como a pestesuína africana (ASF) e a diarreia epidêmica suína (PEDv) impactou rebanhos de importantes países produtores, criando oportunidades para o Brasil expandir suas exportações e obter melhores preços (De Zen et al., 2015).

Nos anos seguintes, Paggioli (2023) destacou que 81% da produção brasileira em 2019 foi destinada ao mercado interno, com um consumo per capita de 15,3 kg. Em 2020, as exportações brasileiras atingiram um recorde histórico, superando 1 milhão de toneladas,um aumento de 36% em relação ao ano anterior. O crescimento foi impulsionado pelos avanços nos processos de seleção genética e pelo desempenho zootécnico, principalmente nas técnicas de manejo reprodutivo.

Por conseguinte, conforme levantamentos realizados pela Embrapa (2024), o Brasil se consolidou como o quarto maior exportador mundial de carne suína ficando atrás apenas da União Europeia, Estados Unidos e Canadá.

A suinocultura brasileira, apesar dos desafios, como a oscilação dos preços dos insumos e a necessidade de aprimorar a biossegurança, manteve sua relevância para a balança comercial do país (Embrapa, 2024).

Segundo Jorge et al.(2021), no Estado de Goiás, a suinocultura destaca-se por sua sólida estrutura de governança e coordenação baseada em contratos de integração, presentes em 80% dos abates no Estado. Esse modelo de colaboração, que envolve pequenos produtores e grandes agroindústrias, assegura o fornecimento de insumos, suporte técnico e assistência veterinária, enquanto os produtores se encarregam do manejo e da produção.

O sistema é sustentado por mecanismos que reduzem os custos transacionais e produtivos, assegurando tanto a regularidade quanto a qualidade na cadeia produtiva de suínos no Estado, e é reforçado pela presença dos maiores conglomerados agroindustriais do país, que dominam 90% dos abates na região (Jorge et al., 2021).

O Estado de Goiás ocupa a oitava posição no ranking nacional de abate de suínos, com o município de Rio Verde sendo o segundo maior produtor do estado, com mais de 760 mil cabeças, superado apenas por Toledo, no Paraná (Teixeira, 2020).

A cidade, localizada na microrregião Sudoeste de Goiás, se destaca na suinocultura devido à sua crescente relevância no setor agropecuário, marcada por uma alta capacidade produtiva e a implementação de tecnologias avançadas, como os biodigestores canadenses, que ajudam a reduzir os impactos ambientais (Teixeira, 2020; Siatkowski et al., 2022).

Além disso, Rio Verde se beneficia de sua proximidade com grandes centros consumidores, como São Paulo, além de contar com uma infraestrutura agroindustrial e logística bem desenvolvida. A produção local de grãos, especialmente soja e milho, essenciais para a fabricação de ração, também contribui para a redução dos custos de produção (Teixeira. 2020).

Observa-se que, apesar dos inúmeros desafios enfrentados, o Brasil mantém-se firmemente como um dos maiores produtores e exportadores de carne suína no cenário global.

4 IMPACTOS AMBIENTAIS RESULTANTES DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS

A suinocultura brasileira, embora economicamente vantajosa, demanda constantes investimentos em tecnologias de produção, atentando-se, sobretudo, para a sustentabilidade ambiental, uma vez que as práticas sustentáveis ajudam não apenas a preservar o meio ambiente, mas também manter a competitividade do setor no mercado global, que cada vez mais valoriza essas ações.

Abordar os aspectos ambientais da suinocultura é de suma importância, pois a atividade, por sua natureza, pode comprometer o equilíbrio ecológico e afetar negativamente o desempenho comercial. Para traçar estratégias eficazes de minimização dos danos, é preciso compreender os efeitos decorrentes do manejo inadequado na produção. Somente assim, será possível desenvolver e implementar soluções que garantam a sustentabilidade econômica e a viabilidade do setor a longo prazo.

A suinocultura é uma das atividades agropecuárias que mais contribuem para o efeito estufa, principalmente devido à emissão de gases resultante da decomposição dos resíduos gerados que desempenha um papel relevante na poluição atmosférica e na deterioraçãoda camada de ozônio, intensificando o aquecimento global e agravando os impactos do efeito estufa (Gerona, 2024).

A maior parte desse impacto gerado pela suinocultura provém do manejo inadequado dos resíduos sólidos e líquidos gerados pela atividade (Gerona, 2024), os quais produzem efluentes com alta carga orgânica capazes de alcançar lençóis freáticos e causar poluição hídrica (Barbosa; Langer, como citados em Gerona, 2024, p. 175).

Segundo Silva et al.(2023), a suinocultura no Brasil se destaca pela alta produção de dejetos, que são altamente poluentes para a atmosfera, solo, rios e podem disseminar doenças. Os resíduos contêm elementos químicos como fósforo, nitrogênio, metais pesados, hormônios e antibióticos, que contaminam cursos de água e lençóis freáticos (Silva et al., 2023) e, com isso, comprometem a integridade do solo (Sarda et al., como citados emGerona, 2024, p. 177).

No que tange ao manejo da criação, o confinamento em alta densidade facilita a proliferação de doenças infecciosas, afetando a saúde dos animais e dos seres humanos que consomem produtos derivados (Barcelos et al.como citados emSilva et al., 2023, p. 3-4).

Rocha (2020) ressalta que eles frequentemente são expostos a agentes patogênicos presentes no ambiente em que são criados, o que pode resultar em diversas enfermidades, cuja resistência irá depender de uma combinação de fatores, com destaque para a alimentação adequada, as condições de saneamento e as práticas de manejo.

Por seu turno, Ribeiro (2022) aborda os problemas decorrentes do manejo inadequado dos dejetos líquidos, que são ricos em matéria orgânica e nutrientes, além de patógenos, advertindo para os riscos de contaminação de corpos d’água, eutrofização, doenças em humanos e animais, proliferação de vetores e mau cheiro. Nota-se que a poluição do solo e da atmosfera é agravada pela decomposição dos resíduos em sistemas abertos.

Ito et al.(2016), discutem a lixiviação dos dejetos que contamina solos e águas subterrâneas, além da emissão de gases como metano e dióxido de carbono, que contribuem para o efeito estufa. A preocupação com a contaminação é corroborada por Ribeiro et al.(2021) que destacam os efeitos prejudiciais da liberação de substâncias tóxicas para a biosfera. Os dejetos de suínos compostos por fezes, urina, água desperdiçada, resíduos de ração, pelos e poeiras, também são preocupantes, em razão da composição química altamente poluente.

Portanto, é evidente que a atividade suinícola impacta negativamente o ar, o solo e as águas. Silva et al.(2023), Ribeiro et al.(2021), Ribeiro (2022) e Ito et al. (2016) destacam que os gases poluentes contribuem para o efeito estufa e causam problemas respiratórios. Os resíduos podem comprometer a fertilidade do solo e alterar suas características químicas, enquanto a poluição hídrica promoverá a eutrofização e disseminação de patógenos com consequente contaminação de mananciais e ecossistemas, afetandoa qualidade da água (Ito et al., 2016; Ribeiro, 2022; Ribeiro et al., 2021).

Os autores sugerem a implementação de práticas de manejo sustentável e tecnologias avançadas de tratamento dos dejetos para minimizar esses impactos e promover uma suinocultura mais sustentável.

5 SUSTENTABILIDADE NA CRIAÇÃO DE SUÍNOS: MÉTODOS PARA MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

A principal incumbência da humanidade consiste em equilibrar o desenvolvimento de atividades socioeconômicas com a salvaguarda do meio ambiente. Apesar de as discussões acerca da conservação dos recursos naturais serem longevas, a questão permanece contemporânea e tem sido objeto de deliberações em âmbito internacional (Milaré, 2014).

No ano de 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou uma conferência intitulada “Conferência de Estocolmo”, oficialmente denominada Conferência sobre o Homem e o Meio Ambiente. Milaré (2014) destaca que o evento marcou o início da conscientização global sobre a necessidade de proteção ambiental, examinando diversos aspectos políticos, sociais e econômicos para estabelecer uma abordagem integrada em relação às questões ambientais.

De acordo com um parecer da Academia Pearson (2011), a Conferência de Estocolmo foi caracterizada pelo confronto entre dois grupos: países desenvolvidos, de um lado, onde estavam os que advogavam pela preservação inalterada do meio ambiente; e, de outro, países subdesenvolvidos, que rejeitavam quaisquer restrições que os privassem dos benefícios da era tecnológica (Pavão & Ribeiro, 2016). Em que pese as discussões, os efeitos dessa convenção foram positivos, e, através dela, o meio ambiente foi reconhecido como direito universal e indispensável à existência terrestre.

No Brasil, com o decorrer dos anos, o desenvolvimento de atividades econômicas, como a criação de suínos, priorizou o aumento dos lucros em detrimento da preservação dos recursos naturais (Antunes, 2009). Assim, surgiu a necessidade de adotar um novo modelo econômico que também considerasse a sustentabilidade do biossistema, uma vez que o crescimento econômico deve estar vinculado à proteção ambiental, pois ambos integram um sistema interdependente.

O direito ao meio ambiente ecologicamente sustentável adquiriu status constitucional através do art. 225 da Constituição Federal, in verbis(BRASIL, 1988):“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Esse direito está intrinsecamente vinculado ao princípio da dignidade da pessoa humana, visto que a degradação ambiental pode comprometer outros direitos constitucionais, especialmente os direitos à vida e à saúde.

Nesse contexto, embora seja reconhecido internacionalmente que a suinocultura contribui significativamente para o desenvolvimento econômico, é indispensável também considerar os danos causados por essa atividade. Assim, é necessário adotar técnicas e práticas que minimizem os impactos sem comprometer o progresso econômico-financeiro.

Romani (2023) enfatiza a importância de uma gestão eficiente de resíduos, propondo a implementação de sistemas de coleta, separação e reciclagem, além de investimentos em tecnologias para a redução do consumo de energia, como iluminação eficiente e sistemas solares.

Por conseguinte, destaca-se também a necessidade de tratamento de efluentes, a fim de evitar a contaminação de recursos hídricos, e o uso de insumos orgânicos ou de baixo impacto ambiental para a alimentação dos suínos, com o objetivo de reduzir as emissões de gases poluentes (Romani, 2023).

Por outro lado, Alcócer et al.(2022) e Gerona (2024) sugerem o uso de biodigestores como uma estratégia eficaz para o tratamento dos dejetos suínos, permitindo não apenas a redução dos danos ambientais, mas também a recuperação de energia através da produção de biogás. Gerona (2024) propõe ainda a reutilização de resíduos como uma forma de gerar renda adicional para os produtores. Tais práticas são vistas como parte de um gerenciamento sustentável que visa não apenas proteger o meio ambiente, mas também melhorar a rentabilidade da atividade suinícola.

No que tange à sanidade ambiental, Paniagua e Santos (2021) destacam a necessidade crítica de otimizar o uso de recursos vitais, como água e energia, e promover o bem-estar animal, a fim de garantir um ambiente propício ao desenvolvimento saudável dos suínos.

Souza et al.(2020) defendem a adoção de práticas de manejo orgânico, caracterizadas por uma menor densidade populacional e restrições ao confinamento. Segundo os autores, as práticas resultam em um menor volume e concentração de contaminantes nos efluentes, contribuindo significativamente para a redução do impacto ambiental da suinocultura.

Rocha (2020) argumenta que uma gestão adequada dos resíduos é essencial, propondo o tratamento correto dos efluentes e a utilização racional desses como fertilizantes, além de sugerir que o manejo nutricional pode reduzir a excreção de elementos prejudiciais, minimizando a quantidade de dejetos lançados no meio ambiente. Além disso, ele destaca a importância de melhorar as instalações das granjas, garantindo que atendam aos requisitos egais e facilitem a gestão sustentável dos resíduos, contribuindo para a viabilidade econômica e ambiental da suinocultura.

Não obstante, Basso (2021) aduz que as políticas públicas podem contribuir, como observado em Taquaruçu do Sul no Rio Grande do Sul, destacando os incentivos e o apoio logístico oferecidos aos suinocultores, como a concessão de equipamentos para fertirrigação e programas financeiros para o transporte e distribuição dos dejetos suínos como adubo nas lavouras por meio do Programa de Apoio à Adubação Orgânica (PRADOR).

Rocha (2020) também concorda que as políticas públicas são essenciais para o desenvolvimento sustentável da suinocultura em regiões ainda em crescimento como a Paraíba, destacando a necessidade de implementar ações que incentivem a gestão adequada dos resíduos e a utilização racional dos recursos naturais. Portanto, nota-se que, além dos empresários do setor adotarem técnicas para reduzir os danos ambientais, a intervenção do poder público por meio de políticas de incentivo é imprescindível.

Por fim, Paniagua e Santos (2021) alertam que, embora existam diversas técnicas conhecidas que possibilitam a redução dos impactos ambientais na criação de suínos, tais como o uso das lagoas de estabilização e da conversão dos gases em energia ou biogás, se o resíduo final for utilizado de maneira inadequada, a contaminação poderá continuar por meio da lixiviação.

As técnicas e práticas propostas são fundamentais para o desenvolvimento de uma suinocultura sustentável e ambientalmente responsável, destacando a importância da inovação e responsabilidade ambiental na gestão de resíduos, uso eficiente de recursos como água e energia, e promoção do bem-estar animal.

Assim, verifica-se que as práticas visam mitigar os danos associados à suinocultura, alinhando a produção com os princípios de sustentabilidade e proteção dos recursos naturais, sem comprometer o desenvolvimento econômico e assegurando um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

6 CONCLUSÃO

A pesquisa evidenciou que a adoção de práticas sustentáveis é fundamental para mitigar os impactos ambientais adversos decorrentes da suinocultura.

Os dados confirmaram as hipóteses iniciais, demonstrando que a implementação de tecnologias avançadas de tratamento de dejetos, como biodigestores, e a adoção de práticas de manejo sustentável são essenciais para reduzir a contaminação do solo, da água e do ar.

A utilização de biodigestores não apenas diminui a emissão de gases de efeito estufa, mas também permite a produção de biogás, gerando uma fonte de energia renovável e contribuindo para a sustentabilidade econômica das propriedades suinícolas.

Além disso, a implementação de sistemas eficazes de gestão ambiental e a otimização do uso de recursos naturais, como água e energia, são indispensáveis para assegurar um desenvolvimento equilibrado e sustentável.

As práticas de manejo sustentável, como o uso de lagoas de estabilização e a conversão de gases poluentes em biogás, demonstraram ser eficientes na mitigação dos impactos ambientais da suinocultura. No entanto, é imprescindível que o resíduo final seja tratado e utilizado de forma adequada para evitar a contaminação do solo e dos recursos hídricos através da lixiviação.

Ademais, além dos próprios empresários do setor buscarem técnicas que visem minimizar os danos ambientais, o estudo revelou que a ajuda do poder público com políticas públicas de incentivo é importante. Tais políticas podem incluir desde subsídios para tecnologias sustentáveis até programas de apoio à gestão de resíduos, garantindo que as práticas ambientais avançadas sejam amplamente adotadas e mantidas.

Foi identificado que a poluição hídrica e atmosférica, resultantes principalmente da gestão inadequada dos resíduos suínos, pode ser significativamente reduzida através de estratégias de manejo integrado e inovação tecnológica.

Em suma, a integração de práticas sustentáveis na suinocultura é viável e indispensável para garantir a sustentabilidade ambiental e a competitividade do setor no mercado global. Logo, é possível alinhar o desenvolvimento econômico com a proteção dos recursos naturais por meio de políticas públicas eficazes, investimento em tecnologias limpas e conscientização dos produtores para atender às exigências contemporâneas de produção e consumo responsáveis.

REFERÊNCIAS

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